Mais uma vez chega à aula com um sorriso, olhou para nós e disse boa tarde para todos a ouvirem mas algo a inquietou, tenho a certeza que foi o facto de estarmos todos na ramboia. Sentou-se e simplesmente não abriu a boca. De repente desata aos berros, pensei que se estava a passar. Bem sozinha espunha os seus argumentos infaliveis com clareza, todos olhavam para ela com cara de gozo mas eu não. Não conseguia, percebi como tinhamos sido injustos ao trata-la sem o minimo respeito. Ela sabia que ninguém lhe estava a ligar nenhuma, mas continuava a falar e a falar, disse com todas as letras o que pensava sobre a escola em que trabalhava na tentativa de que algum de nós criticasse os verdadeiros erros existentes e que nos deixassemos de preocupar com coisas insignificantes, eu percebi-a com toda a clareza.
Continuou a lutar, e não desistiu até que arrancasse algo de nós. Não se importou com mais nada. Naquele momento tudo se alterou, passei a vê-la não como uma simples professora de filosofia mas sim como um ser humano incrivel, passei a olha-la com ademiração. Despertou em mim o sentimento crítico que eu julgara desaparecido mas que felizmente regressou.
Vivemos acomodados com os grandes erros, julgamos que não podemos fazer nada.. Mas como é que sabemos se podemos fazer alguma coisa se nem sequer tentamos?
Vivemos em tempos de crise, vêmos inumeras injustiças todos os dias e não agimos. Porquê?